As grandes obras resultantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) estão revelando carência acentuada de mão de obra qualificada nas mais diversas áreas da produção industrial. O fosso entre trabalhadores disponíveis e carências das plantas industriais é antigo. O problema é que se tem agravado ainda mais.
Diante de sua complexidade, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), uma das agências encarregadas de habilitar trabalhadores, elaborou o Mapa do Trabalho Industrial 2012, identificando a lacuna e a demanda potencial do mercado.
Na quantificação das necessidades do setor, o Nordeste é a segunda região com a maior dependência de trabalhadores habilitados. A previsão indica a demanda de 854 mil profissionais treinados, correspondentes a 11,9% do País apenas em pessoal.
Na corrida pela mão de obra que atenda às exigências impostas pela tecnologia, o Nordeste perde apenas para o Sudeste, onde a necessidade é de 1,5 milhão de habilitados. A dinâmica do mercado precisa de plano de recrutamento continuado para atender à diversidade dos segmentos produtivos, aos lançamentos de linhas industriais avançadas e ao crescimento do consumo em face da mobilidade das classes sociais.
Nessa prospectiva, o Ceará precisa, até 2015, de 161,2 mil profissionais somente no segmento fabril. Como o prazo de treinamento é mínimo, deverá haver cuidado redobrado para não inviabilizar empreendimentos projetados ou em vias de execução na região metropolitana e no Complexo do Pecém.
Dentre as ocupações com necessidade de maior contingente habilitado estão os operadores de máquinas para costura de peças de vestuário; trabalhadores para a indústria de alimentos; padeiros, confeiteiros e afins; trabalhadores polivalentes para as indústrias têxteis; e mecânicos de manutenção de equipamentos.
Para o pessoal de nível técnico, as ocupações com demanda em expansão formam os grupos dos pintores; técnicos em operação e monitoramento de computadores; técnicos em controle de produção; técnicos em eletrônica e eletricidade industrial.
A necessidade de profissionais de nível técnico para os próximos três anos registrou crescimento de 24%. Entre 2008 e 2011, a carência dessa mão de obra qualificada era de 5,8 milhões no País. No ano passado, foi constatado que a taxa de ocupação dos alunos do Senai, na habilitação profissional técnica de nível médio, alcançou 86,9% e 63% pelos alunos de aprendizagem industrial.
Para suprir a demanda futura com os requisitos do mercado de trabalho, o Senai programa investir no Ceará, em curto prazo, R$ 100 milhões destinados a ampliar as áreas de inovação tecnológica e de educação profissional.
No esforço de integração com a ação governamental voltada para a demanda futura, o Senai construirá novos centros de formação profissional. Os existentes serão modernizados. Paralelamente, criará o Instituto Senai de Tecnologias Construtivas, o primeiro no gênero no País. Até 2014, o número de matrículas de seus cursos será ampliado de 50 mil para 80 mil vagas.
O País ressente-se da falta de preparação da mão de obra, sem a qual o desenvolvimento ficará entravado. O investimento em educação deve ser permanente e mais bem direcionado para as carreiras e profissões que tenham aproveitamento imediato. Caso contrário, o País perderá este momento histórico para dar o grande salto para a prosperidade.